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POVO DA ENCOSTA DA PRAIA E DO FUNDO DO MAR


Muito se fala dos caboclos, das crianças e dos pretos-velhos da Umbanda. Também é relativamente fácil achar textos sobre os boiadeiros, marinheiros, ciganos, povo do oriente.
Mas o mundo é muito grande, e estou falando apenas do nosso, este que conhecemos, ou achamos que conhecemos, pois há uma enormidade de coisas que sequer imaginamos, mas nem por isso estas coisas inexistem…Continue Lendo

DESPACHO OU OFERENDA? OBRIGAÇÃO OU ENTREGA?


A oferenda na Umbanda é sempre um ato de Amor, de agradecimento, ou um pedido para renovar as energias. Geralmente feita na encruzilhada, nas matas, campos, à beira mar.
A entrega ou Amalá é um ritual em que o umbandista oferece elementos para que o Orixá possa trabalhar por uma…Continue Lendo

MAGOS NEGROS


Ninguem se iluda. Todos somos Luz e Sombra. Qualquer um pode, de acordo com circunstâncias propícias, viver toda uma vida de bondade, generosidade, desde que não seja desafiado em seus pontos fracos.

Por outro lado, alguém com alto senso de Justiça e pensamentos humanísticos, pode passar provas das quais suas atitudes o mergulharão em um mundo de subversão e violência.

Há aqueles que nada querem, nada pensam, passam pela vida como se estivessem dormindo, sem ousar nenhuma atitude em referência ao Bem ou o Mal. Estes, geralmente são deixados quietos, tanto por um lado quanto por outro. Ficam como em estado de latência, e um dia, mais cedo ou mais tarde, serão obrigados a sair da letargia.

A filosofia milenar taoísta preconiza que o equilíbrio está no Yin e Yang, Sombra e Luz, e onde um termina começa o outro. Não é questão de evolução, e sim de ver com outras lentes. Está muito cristalizado dentro de todos, que fazendo coisas boas, se torna bonzinho, ninguém quer saber de ter sido mago negro. Todos acham que são reencarnação de reis, rainhas, santos, mártires e heróis. Haja herói para tanto espírito reencarnante…

Em “A Gênese” , escrito por Allan Kardec, encontramos que “Tal qual ocorreu com a estrutura física da Terra, a evolução moral tem caminhado gradualmente, sem processos descontínuos”

Já Emmanuel, no livro “O Consolador”, comunicou psicograficamente a Chico Xavier, que “dentre os mundos inferiores, a Terra pertence à categoria dos de expiações e provas, porque existe a predominância do mal sobre o bem. Aqui, o homem leva uma vida cheia de vicissitudes por ser ainda imperfeito, havendo para seus habitantes, mais momentos de infelicidades do que de alegrias”.

Alguns dizem que os Magos Negros, são seres proscritos do Sistema Capela, onde seus habitantes altamente evoluídos, conduziram o planeta a um nível mais elevado, de regeneração e benesses. Isto foi há centenas de milhares de anos. Nosso planeta está chegando num momento assim atualmente. Os espíritos que eram recalcitrantes e não aceitaram a evolução, foram impedidos e reencarnar ali, sendo projetados para planetas menos evoluídos, alguns vieram parar no nosso planeta. Dotados de grande poder intelectual e mental, recusaram-se a tomar o corpo físico rudimentar dos habitantes da Terra daquelas longínquas eras, e se mantiveram na espiritualidade. Como fugir às Leis naturais têm um preço, “venderam” sua alma, preferindo, ao invés do caminho de evolução através das provas e reencarnações, o acumular poder à custa de outros, e em vez de subirem aos cumes da Luz, desceram aos abismos das trevas.

Na realidade, qualquer que seja sua origem, os Magos Negros são como os vampiros das história de terror, que ficam na escuridão, sobrevivendo artificialmente a partir da captação de energia de outros, que lhe caem nas armadilhas. Neste momento, sua sociedade do mal está em estado caótico, pois para tudo tem um limite, e o planeta está na iminência de trocar seu “status” vibratório, e não irá mais comportar seres como estes. Da mesma forma, estão extenuados e suas energias estão em pane pela longevidade, não conseguem mais se manter ilusoriamente jovens , formosos e carismáticos. Se formos observar a Terra, há caldeirões de atrocidades o lado de atuações cada vez mais altruístas de seus habitantes. Inequivocamente estamos evoluindo, por mais que eles queiram nos manter na ilusão da Escuridão.

Magos contra Magos. Muitos estão se reencontrando e passaram por tormentos sem fim para finalmente se elevarem como espíritos luminosos. Temos exemplos muito perto de nós, umbandista. Vamos conhecer as histórias dos pretos e pretas velhas, dos caboclos, do povo do Oriente e exus. Todos são exímios desmanchadores de magia negra, porque sabem do que se trata, conheceram e se redimiram com louvor. E é nessa água bendita onde navegam nossos guias, são nas histórias que eles nos trazem quando acalmamos nossas mentes para ouvi-los, que vamos encontrar as chaves, que nos fará também guerreiros do Bem, mantendo em equilíbrio a Luz e a Sombra. Deixando-a quieta e acorrentada a seus próprios degraus evolutivos. Não há porque ficarmos infinitamente nas mesmas expiações, nos mesmos erros e sofrimentos. Temos de mudar, como os guias mudaram, e seremos donos de nossos destinos, e Mago Negro algum, poderá enfim, lançar sua deletéria influência sobre nós. Mas o preço da liberdade sempre foi, e sempre será, a eterna vigilância, e podemos acrescentar a profunda Fé e confiança na Proteção Maior.

Ultimamente, o escritor Robson Pinheiro tem dedicado quase a totalidade de seus livros a denunciar, esclarecer e combater a ação dos Magos Negros, ou dragões, como alguns chamam. Outros autores os têm citado, como no livro “Libertação”, ditado por André Luiz a Chico Xavier. Também outros como Rubens Saraceni., Roger Bottini Paranhos, Roger Feraudy.

Vejamos algumas passagens de livros de Robson Pinheiro:

1) “Entidades cuja vibração se afina a tais interesses egoístas estabelecem ligação mais intensa com seus médiuns, os magos negros, a fim de vampirizar suas energias. É comum observar, em casos assim, processos de simbiose espiritual. Os parceiros do conluio tenebroso passam a vibrar em conjunto, alimentando-se um do outro durante longos períodos, até que o elemento dor os desperte e coloque limites nos desregramentos e abusos cometidos”

Livro “Aruanda”

2) …”— O que os magos negros pretendem com os espíritas e umbandistas, especificamente?

— Como já infiltraram seus agentes e suas idéias escabrosas entre aqueles que se julgam os únicos representantes legítimos do Cordeiro, os líderes religiosos e fiéis tomados pelo fanatismo, agora pretendem investir em novo núcleo. Os chamados médiuns, os chefes de terreiro e os dirigentes espíritas oferecem solo fértil nos quais semear tais pesquisas, pois também trazem elementos ambíguos e espinhosos, que poderão ser enfocados pelos magos negros. Por exemplo, podemos citar o desejo de aparecer, a busca pelo aplauso e pelo reconhecimento público, ou ainda a vontade de sobrepujar o outro na destreza para lidar com as forças sutis da natureza, no exercício de um pretenso poder, outorgado pela própria megalomania e pela vaidade. Para alcançar êxito nessa etapa inicial de sedução, os magos apresentam às suas futuras cobaias propostas subjacentes, aumentando a importância desses fatores na mente das pessoas. A sede egocêntrica ganha relevo. Quando elas vislumbram a possibilidade de atingir os objetivos que almejam, então cedem voluntariamente à ação dos magos negros, que se disfarçam em mentores e mestres de reconhecida autoridade moral. Dessa forma, são conduzidas a esta cidade (abordando a estrutura encontrada no plano astral), onde se transformam em cobaias de experiências mentais e emocionais…”

Livro “Legião – Um olhar sobre o reino das sombras”

3)…”— Sabe, meus filhos, a compreensão do ser humano e da realidade que cria em torno de si é rica e elaborada, inclusive no que se refere às questões mais simples do seu cotidiano. Imagine quando levamos em conta seus dilemas e os conceitos esdrúxulos que advém de experiências dramáticas, vivenciadas nos dois planos de existência.

— Sendo assim, no que concerne à fase fetichista e sobre esse estágio de aprendizado, é possível notar que os espíritos consorciados aos magos negros, já naquela época (Atlântida, Lemúria, Babilônia e Caldéia) bastante distante do conhecimento iniciático, efetivamente introduziram sacrifícios humanos e de animais em suas práticas. Visavam não apenas à condensação da força mental, mas também formavam campos magnéticos de baixíssima frequência, desprezando por completo o ensino espiritual. Davam início à magia negra mais primitiva e vulgar, que descambaria de vez, mais tarde, na chamada feitiçaria. Nesse conluio com as entidades das trevas, homens e espíritos desavisados se transformaram em instrumentos das forças do abismo. É um período que, cronologicamente, encontra seu ápice na Idade Média; felizmente, logo depois, é suplantado por idéias mais humanas e sadias, muito embora os efeitos de conchavos do gênero ainda perdurem nos dias atuais, em processos obsessivos gravíssimos.

Livro “Legião – Um olhar sobre o reino das sombras”

Para não nos estendermos muito, ainda Robson Pinheiro , no livro “Senhores da Escuridão”, mostra como Pai João de Aruanda destrói toda a empáfia e poderio do mago negro da região trevosa onde ele e os guardiões se encontravam. Transfigurando-se na verdadeira entidade de Luz que é, rapidamente colocou correr a criatura.

Que me perdoem os espíritas, mas hoje em dia parece que os obsidiados todos são considerados culpados de terríveis crimes. Porém, atualmente, ninguém está imune em algum momento de fiar sob o jugo das poderosas armadilhas que o submundo espiritual pode articular. Principalmente aqueles que mais estão em evidencia na luta contra as trevas, são os mais atacados. Temos que realmente nos revestirmos de Caridade e Amor e compreender que há mecanismo pelo qual só se livra com auxílio externo, e para isso aí estão as giras e os guias trabalham sem cessar.Vamos falar um pouco dos instrumentos tão bem manipulados pelos magos negros:

FASCINAÇÃO

A vítima não acredita que está sob efeito de qualquer força negativa, e assim fica muito difícil d reconhecê-la. . Na verdade, algumas vezes, ela julga que é a única que não está obsedada, enquanto todos à sua volta estariam.

O espírito obsessor vai se inserindo discretamente e ganhando espaço na vida do obsedado; como uma planta daninha, vai se enraizando, plantando desconfianças e medos, manias e desejos, até o ponto em que se instala definitivamente. A pessoa estará de tal forma envolvida que quase se forma uma simbiose psíquica que, caso se concretize, tornará ainda mais complexa a situação. Por vezes esta obsessão provoca a perda da razão, e mesmo à esquizofrenia.

SUBJUGAÇÃO

A vítima encarnada está sob domínio completo de uma força desencarnada. Quando esse tipo de obsessão ocorre, vemos a pessoa apática como se estivesse sonâmbula, tendo vontades que estão em desacordo com sua personalidade, e até afastando pessoas próximas que a critiquem ou que questionem suas “novas” atitudes.

A sua cura exige uma mudança vibracional no obsedado, o que envolve uma grande disciplina moral e muito estudo, além do auxílio de entidades de Luz que transformem o obsessor, ou o removam dali até que ele também se recupere e regenere.

AUTO-OBSESSÃO

Os magos negros ainda podem induzir a pessoa, através de seus sentimentos de culpa e baixa auto estima a achar que jamais poderão receber a Luz Divina, e não encontram objetivo em nada. Em grande parte das vezes, infligem a si mesmos os mais diversos castigos e, mesmo quando recebem a ajuda de outros espíritos e das almas iluminadas, eles argumentam que seus crimes são imperdoáveis e anseiam por “castigos” que possam “purificá-los”. Vivem acreditando que são indignos de qualquer perdão, e se não forem auxiliados, podem chegar inclusive ao suicídio.

A prática da magia negra é explicada, à luz da doutrina espírita pelo Livro dos Espíritos em suas questões 549 e 550, sob o título de “Pactos”, de 551 a 556, sob o de “Poder Oculto, Talismâs e Feiticeiros”, e 557 “Bençãos e Maldições”. Ali se ensina que as ações de espíritos voltados para o mal sobre as pessoas podem ser impedidas, caso a pessoa objeto dessas ações invocar, em sua proteção, a ação de espíritos voltados para o bem. Ensina, ainda, que para que uma pessoa tenha a ajuda de espíritos voltados para o bem, ela deverá manter-se em harmonia com eles, envolvendo-se, em todas as suas atividades e práticas, com pensamentos nobres e sempre procurando auxiliar aos necessitados.

Alguns espíritas erram ao achar que é só querer que se livra da obsessão. O médium altamente treinado, consegue…mas a sofisticação das obsessões só faz crescer. Hoje em dia não existem mais obsessões simples. Em geral são complexas, agravadas pela instalação de aparelhos na região para-cervical (no corpo fluídico). Porém, as condições predisponentes são realmente dadas pela própria pessoa, que é ignorante ou ignora voluntariamente a Lei de Causa e Efeito, e usa seu arbítrio erroneamente, ou nem ao menos exercita durante a vida seu direito de escolhas. Geralmente não é quem erra muito quem mais fica sob o jugo dos magos negros, mas quem se deixa levar, quem não se esforça para evoluir, e não compreende que suas dificuldades, na verdade são lições que ainda precisam ser aprendidas, exercitadas, restauradas. Preferem o lugar de vítimas, ou seguem o “deixa a vida me levar” ao pé da letra, ou pior, fazem escambo com a escuridão em troca de benefícios próprios.

Gostaria de enfatizar algumas palavras já conhecidas, mas que cabem muito bem neste contexto:

“Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?
(questão 932 do Livro dos Espíritos)

Responde o Espírito da Verdade: “Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.”

E termino com uma frase de Pai João de Aruanda no prefácio de “Sabedoria de Preto Velho”, psicografado por Robson Pinheiro : “União sem fusão… distinção sem separação.” Assim seremos Livres, seremos Fortes, seremos Unidos em todas as religiões, sem cair na mistificação e no Poder da Escuridão.


Alex de Oxóssi

Rio Bonito – RJ

FONTES CONSULTADAS:
Kardec, Allan.- O Livro do Espíritos -
Oliveira, Wanderley- Os Dragões – pelo espírito Maria Modesto Cravo. Ed. Dufaux
Pinheiro, Robson- Aruanda- espírito Ângelo Inácio- pag.36 Editora Casa dos Espíritos
Pinheiro, Robson- Legião - Um olhar sobre o reino das sombras. espírito Ângelo Inácio- pag.277 e 331- Editora Casa dos Espíritos
Pinheiro, Robson – Sabedoria de Preto Velho- espírito Pai João de Aruanda- Introdução- Editora Casa dos Espíritos

ESPÍRITOS DEMÔNIOS ENCOSTOS MAGIAS


DESPACHOS OU MENTES DESEQUILIBRADAS?

Observamos, no decorrer de anos de trabalhos a fio, nuances preciosos que irão margear bem o que iremos decorrer nessa nossa discussão. Dentro da psiquiatria moderna, iremos encontrar estudos preciosos quanto aos transes religiosos, as visões de espíritos, a crença nas feitiçarias, magias negras, encostos, demônios, etc.

O grande psicanalista suíço, Carl Jung, teorizou que os maus espíritos, ou as figuras aterrorizantes, são imagens gravadas coletivamente na mente humana e foram batizados de arquétipo. Esses arquétipos acompanham a humanidade há milhares de anos.O diabo é um desses arquétipos, que muitos acreditam incorporar, e representa forças destrutivas dentro da própria pessoa.Através dessa crença, muitos procuram as religiões para que seja efetuado um “exorcismo”, cuja função seria livrar a pessoa dos maus que a apoquentam, e que esse “exorcismo” puniria o delinqüente que estaria perturbando a pessoa, por mais poderoso que seja.

O apelo ao demônio é forte porque atende a uma grande camada da população que vive imersa na superstição. Em geral, acreditam piamente na força destrutiva da magia negra e das forças ocultas. O povo acha que o demônio e os espíritos do mal estão por aí, agindo através dos incautos. Jogar a culpa por tudo que há de errado no demônio ou em espíritos do mal é uma solução confortável para quem busca alívio através de cultos religiosos, mas as conseqüências podem ser graves, pois a pessoa sai do culto religioso acreditando que não tem responsabilidade moral pelos erros que comete, e fica convencido de que possui uma personalidade frágil e influenciável.

Tudo isso se aplica também à Umbanda, onde muitos cometem os erros crassos de somente culpar uma pretensa “macumba”, “despacho” ou “mal feito”, encomendado por um desafeto, como fatores conclusivos de suas vidas encontrarem-se em desgraça. Muitos se entregam ao pensamento obsessivo e conclusivo de perseguições espirituais ou mesmo “demandas” diárias em sua vida. Se convencem e geralmente convencem a outros que são perseguidos por hostes infernais, ou mesmo pessoas que lhe querem mal. Lembre-se que cada um projeta seu próprio inferno.

Com o passar do tempo, cada um constrói um inferno competente em suas vidas e passam a vivenciá-lo de forma efetiva, e com isso, através da lei de afinidades, atraem para si legiões de seres que vibram na mesma faixa de pensamento. Com isso, a vida desse infeliz passa a ser um mar de perturbações, demandas, magias negras e por ai afora, e com certeza vão rapidinho culpar alguém por efetuar as tais “macumbinhas” contra ele.Criam na mente das pessoas, que geralmente são presas fáceis e manipuláveis, que tudo o que ele tem de ruim em sua vida, foi pelo fato de alguém, por olho gordo, inveja, ou ódio, levantou forças ocultas negras poderosas contra eles, através de matanças de animais, velas pretas, bonequinhos, etc., e que a vida dessas pessoas está no fundo do poço, devido a uma “feitiçaria” encomendada contra elas.

Outros ainda se convencem, e convencem as pessoas, que estas são perseguidas por quiumbas, Exús ou Pombas Giras, porque não desenvolveram a sua mediunidade, e que irão entrar para o mundo da perdição enquanto não se livrarem desses encostos. E haja trabalho. E haja dinheiro. Outra coisa muito corriqueira no meio Umbandista é a crença que tudo de errado que está acontecendo com o “pai de santo” ou com o “terreiro”, é provindo de uma “demanda” encomenda¬da por aqueles que querem destruí-lo.

Muitos médiuns e sacerdotes acreditam estarem sendo perseguidos por falanges negras, demônios, quiumbas, Exús e Pombas Gira, que querem transformar suas vidas em miséria. Vejam bem que a coisa é complicada, e existe uma crença coletiva de que existe essa perseguição das trevas em suas vidas. Mudaram-se os tempos, mas não mudaram as formas e a perseguição continua. Até quando iremos nos apegar à superstição desse tipo? Até quando iremos dar atenção às coisas que nos fazem mal?

Existem as forças negras em ação, e isso é patente. Mas o mal foi criado pela mente humana e existe por uma necessidade humana. Deus não criou o bem e o mal. Só o bem é eterno. Não existe essa coisa de luta eterna entre o bem e o mal.

Se o mal vence uma situação momentaneamente é porque a pendenga ainda não terminou.Se alguém, por maldade ou ignorância, nos envia alguma carga negativa e ativa forças negativas poderosas contra nós, só vai dar resultado se nós estivermos na mesma faixa vibratória dessa maldade, ou seja, se estivermos em discordância com as forças positivas reinantes no universo. Deus não é injusto com ninguém.

Ele a tudo vê e a tudo permite. Portanto, tudo o que sofremos, com certeza é por merecimento. Veja que Jesus quando praticava curas, ao final sempre dizia às pessoas: “Vá e não peques mais”.

Com isso, Jesus já alertava que tudo o que a pessoa tinha, era por merecimento, ou seja, tinha dado abertura para que tal mal a acometesse. Sabemos que existem “demônios” e que são poderosos, mas estão assentados em poderes vibratórios negativos e comandam forças negativas criadas por condição da mente humana, e quem cair nesses reinos, está em consonância vibratória com os mesmos. É simples: a cada um, segundo seu merecimento.

“A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória, e quem colhe é Deus Pai Todo Poderoso” –
disse Jesus. Agora, acreditar que esses “demônios” estão em luta constante contra Deus, e que estão atuando em nossas vidas por vingança particular, ou querem minha alma imortal, é outra ignorância das leis imutáveis que regem todo o universo.

Sabemos da existência de magias negras e feitiçarias, mas essas somente atuarão de forma negativa na vida de alguém, se esse estiver vivendo totalmente em desacordo com as Leis de Deus. Uma coisa grave observada por nós durante todos esses anos é a proliferação de “videntes” que por toma lá qualquer coisa, rapidinho vêem aura até em poste na rua.

Que absurdo. A vidência é um dom paranormal natural e não tem como desenvolvê-la. Agora, existe muita gente tresloucada e com uma imaginação fértil, se dizendo vidente, e por qualquer coisa, rapidinho dizem estar vendo demandas, espíritos do mal, luzes prá tudo quanto é lado, espíritos com vestimentas exuberantes, fadas, gnomos, demônios horrorendos e por ai afora. Quanta ingenuidade (ou maldade né?). E por essas e outras, acabam por influência de outros, enxergando o que não existe, ou seja: enxergando somente o que suas mentes ou as mentes de outros concebem como verdade. É por isso que prolifera tanta crença na demanda e feitiçarias, todas, invariavelmente “vistas” por um desses falsos videntes.

Então vejam que neste momento, através de mentes desequilibradas, maldosas, muitos que se dizem videntes, se utilizam de um falso dom, para denegrir, atormentar e criar falsas verdades em cima de inocentes, fazendo com que as pessoas que também são desequilibradas se voltem contra os inocentes, criando rancores, ódios e pensamentos destrutivos. Nessa hora eu pergunto: Onde estão os verdadeiros Guias Espirituais que estas pessoas dizem ter, que não as alertam do erro? Mistério. Se Guias Espirituais verdadeiros vissem algo patente, imediatamente iriam procurar um meio de desfazer o mal feito, mas com certeza, sem alardear o tal fato e muito menos “fofocar” para não trazerem ódios, desforras e nem pensamentos ruins. Cuidado. “Guias espirituais” que somente ficam verbalizando demandas, magias negras, fofocas, com certeza são quiumbas, ou também pode ser puro animismo, onde a mente doentia do “médium” entra em ação. Os quiumbas costumam convencer as pessoas de que são portadoras de magias negras, olhos gordos, invejas, etc. inexistentes, sempre dando nome aos bois, ou seja, identificando o feitor da magia negra, geralmente um inocente, para que a pessoa fique com raiva ou ódio, e faça um contra feitiço, a fim de pretender atingir o inocente para derrubá-lo. Agindo assim, matam dois coelhos com uma cajadada só: afundam ainda mais o consulente incauto que irá criar uma condição de antipatia pelo pretenso feitor da magia, e pelo inocente que pretendem prejudicar. É chegada a hora de pararmos com essas atitudes negativas contra nós mesmos e contra as pessoas que nos procuram e procurarmos cultivar nas pessoas que elas estão em um Templo religioso a fim de se reencontrarem com Deus e consigo mesma, e a fim de se reequilibrarem para seguirem felizes e em paz suas vidas. Devemos incitar o amor, o perdão, a bondade, a união, a fraternidade e a benevolência. É só analisarmos com atenção e chegaremos à conclusão que se todos os espíritos, ou seres humanos, fossem portadores de dons sobrenaturais poderosos e tivessem liberdade irrestrita para realizarem o que bem entendessem, o mundo viraria uma bagunça. Afinal, você, e só você tem o direito do livre arbítrio em sua vida. Jamais outra pessoa tem o direito de mexer em nosso livre arbítrio, a não ser que permitamos. Onde estaria Deus em tudo isso? Onde está os Guias Espirituais em tudo isso? Onde está os Sagrados Orixás em tudo isso? É triste observarmos médiuns acreditando tão somente em forças destrutivas presentes em suas vidas. Vamos falar mais em Deus. Vamos incitar mais o amor e o perdão. Vamos estudar e vivenciar mais o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, do que querer aprender contra magias. Vamos pregar a imortalidade da alma, e que existe paz e união entre todos. O mal existe, mas não vamos dar o devido crédito a ele. O olho gordo existe, mas não vamos dar o devido crédito a ele. Nós não somos a imagem e semelhança de Deus, mas sim, a presença viva do Deus vivo em nossas vidas. Jesus disse: “Sois Deuses. Podeis fazer tudo o que fiz, e até mais”. – “Pedi e obtereis”. – “Orai e vigiai, para não cairdes em tentação”. – “Tudo é possível, àquele que crê”. Quando um irmão nos procura e diagnosticamos uma presença espiritual negativa junto dele, devemos pro¬ceder à retirada dessa energia/espírito negativa e bem orientar a esse irmão, que essa aproximação deveu-se a uma simbiose de pensamento e atitudes, e não a uma perseguição gratuita. Não podemos criar em nossas mentes que nossos Templos são alvos constantes de “demandas”, pois estaremos dando vazão à credibilidade excessiva de nossas mentes doentias, e a nossa mente acaba absorvendo esse conceito criado pelo nosso inconsciente. Deus não é injusto. Deus a tudo observa, e a tudo permite. Portanto, nós merecemos o que estamos recebendo. Deus se manifesta na Terra, através de toda a Natureza, mas se materializa e se comunica através do nosso espírito imortal, da nossa mente e do nosso coração. Assim também o mal se materializa através da nossa mente e do nosso coração. Por isso, vamos nos educar, vamos nos evangelizar, vamos seguir fielmente os conselhos de nossos Guias Espirituais e transformar nossas vidas em bênçãos. Vamos criar em nossas mentes positivismo e cuidar bem de nossa saúde mental e física. Não vamos dar crédito somente à negatividade, mas sim, criar em nossas vidas e em nossos Templos um clima de paz, amor e alegria, pois estaremos realizando a verdadeira missão da Umbanda, que é a libertação do homem.

Texto extraído do livro: O ABC do Servidor Umbandista no prelo – autoria: Pai Juruá

MEDIUNS DE UMBANDA


Quando os médiuns se agrupam num terreiro, as energias formam dezenas de fios interconectados, mistura dos ectoplasmas que serão utilizados pela egrégora da casa nos trabalhos diversos, mistura de pensamentos também transmutados em energia. Pensamentos bons, vigorosos, fervorosos e pensamentos de dor, preocupação, fraquezas, rancores, medos. Tudo isso perpassa por todos que estão imantados numa gira de Umbanda, antes dos guias se manifestarem e descerem em Terra para sua missão no Bem, no Amor e na Caridade.

Ocorrem inumeráveis e invisíveis situações de descarrego, vitalizações, desmanches, desintegração de larvas, e todo o tipo de miasmas. Os médiuns por sua vez, agindo como verdadeiros religiosos e despertos para as responsabilidades, terão se preparado para aquele momento, através da conduta adequada, alimentação e sono equilibrados, isenção de atividade sexual, para não haver descontinuidade do seu fluxo energético, agora canalizado para a comunicação entre os portais do mundo material e espiritual.

Cada um de nós, médiuns, não possuímos santidade, mas já adquirimos Amor à Humanidade, ao ponto de dispormos nosso instrumento físico para ajudar a quem precise. Não podemos ter a arrogância de dizer que nada nos afetará e interferirá em nosso trabalho na Caridade. Mas se formos esperar para sermos perfeitos nunca iremos trabalhar, se evitarmos sempre situações de prova nunca aprenderemos, e se não nos expusermos às quedas nunca mediremos nossa força .

Os casais de médiuns que freqüentam um centro devem ter consciência do equilíbrio necessário em sua vida material, espiritual e energética. Este auto-conhecimento obrigatório, com certeza gera um crescimento pessoal. Pois um médium para ser efetivo numa gira, tem antes de tudo, estar bem consigo. E estar bem consigo é estar satisfeito em todos os setores de sua vida, apesar dos contratempos e intempéries naturais que ocorrem com cada um. Mas deve estar livre de ansiedades, inseguranças, pensamentos precipitados. Deve em suma, estar preparado para ser um instrumento livre de preconceitos, dogmas, para dar passagem apenas às claridades da vida espiritual. Acreditamos que um umbandista terá mais facilidade de entender outro umbandista, o difícil é o equilíbrio constante, mas isso é uma questão de responsabilidade pessoal e devotamento às aspirações de um ser humano integral. O nosso maior almejo, no dia a dia das relações da alma, é o Amor, o respeito à liberdade do outro, e a preocupação maior não será a quantidade do Amor que recebemos, mas quanto de Amor temos capacidade de doar, a conexão suprema e incondicional que faz valer a pena a existência.

Duas vovós deixaram suas palavras quanto à esta questão, da participação de casais de médiuns, ou cambonos e médiuns, dentro de uma gira de Umbanda.

De Vovó Maria Conga escutei: “ Deus abençoa esses Fio tudo. Que Ele dê Força pra agir certo, e Caminho pra ser Feliz.”

E Vovó Maria, tão querida, completou: “ Cada Fio tem de pensar simples, e viver simples. Fio tem de descomplicar. Elevar o pensamento ao Senhor dessa Terra, nosso Mestre Jesus e deixar Ele falar pelo seu coração. Seguindo o coração abençoado pelo Senhor Jesus, filho de banda nunca errará seu caminho. Tem de confiá que Jesus abençoa todo e qualquer caminho, e os Fio de banda nada deverá temer: nem de errar, nem de perder. Só terá de Amar.”

Alex de Oxóssi

O UMBANDISTA e a INTERNET


Julio Cezar Gomes Pinto

A Internet, em pouquíssimo tempo, virou o maior meio de comunicação do mundo. Através das revistas eletrônicas encontramos tudo o que precisamos saber acerca dos mais variados assuntos. Desde a mais recente descoberta ao mais antigo registro da humanidade. Não há nada que fique escondido aos olhos e ouvidos humanos hoje em dia.

Os computadores se transformaram em vitrines, cinemas e bibliotecas. Nunca o homem teve tanta oportunidade de aprender mais. Desde a invenção da imprensa, na idade média, até a televisão, na contemporânea, jamais o homem conseguiu adquirir tanto conhecimento e de forma tão precisa. A Internet surgiu e revolucionou o conhecimento humano.

Os hábitos também sofreram mudanças. O teatro, as livrarias, o cinema e até mesmo a própria televisão tiiveram que se adaptar à nova realidade. A juventude que costumava ficar ligada na tv, agora fica no computador. As pesquisas escolares ganharam muito com a Internet, já as bibliotecas e livrarias, nem tanto.

E, em meio a tudo isto, aparecem as religiões. Cada qual com sua filosofia, ritual e maneira de professar a fé. Há de tudo na Internet: cristianismo, voodoo, bruxaria, protestantismo, islamismo, e é claro… umbandismo. A Umbanda é uma pequena Religião lutando por um lugar no grande panteão religioso que, em muitos casos, governa e massacra as gentes. A expansão da Umbanda faz-se necessário num mundo em que a minoria comanda e massacra a maioria, num mundo em que há tantos sofredores encarnados e desencarnados

Sem desconsiderar a grande arma de divulgação da fé umbandista em que se tornou a Internet, é preciso porém analisar friamente o que está acontecendo com os filhos de santo ou, como queiram, filhos de Umbanda.

Disfarçados de divulgadores do nome da Umbanda surgem inúmeros filhos de fé que se transformaram em verdadeiros pop star’s da Internet. É grande a quantidade de umbandistas que quer “mostrar a cara” a todo mundo, a qualquer custo e de qualquer forma. Sem levar em conta o senso e o respeito às coisas santas, vários médiuns estão colocando em cheque o próprio Terreiro que pisam. Utilizando-se de imagens extremamente pobres e de qualidade ruim, surgem os umbandistas dos dias atuais.

Estampando uma aparência de muita sabedoria e compenetração gritam alguns pretensos estudiosos das coisas ocultas toda uma verborragia sem fim com o propósito de incutir suas convicções infundadas aos menos esclarecidos. São os sábios dos dias atuais que ouviram tudo o que seus mestres encarnados lhes disseram, aceitaram de prontidão suas idéias, e passaram a divulgá-las como verdades absolutas. Ora, a venda de livros caiu vertiginosamente desde a era da televisão, então por que não usar a Internet?

Há também os neófitos que precisam extravasar toda a emoção que sentem por encontrarem o caminho que os tirou de um poço de dúvidas e questionamentos acerca do mundo espiritual. Tudo é novo! Tudo é bonito! Como é belo o mundo dos Espíritos! E lá vão eles para as páginas de relacionamentos mostrar sua conversão, seu batismo, sua primeira incorporação, seu Exu, sua Pomba Gira, seu Velho, seu Altar, sua Tronqueira, etc, etc, etc. E, logo ali, colada à foto do lugar mais sagrado do Terreiro – o Altar – uma foto do seu namorado peladão ou daquela atriz que saiu na revista masculina. Junto do médium que aparentemente está incorporado por um Caboclo, há também o vídeo da mocinha de olhar lânguido e voz sensual que, completamente nua, leva seu pretendente para a cama e mostra o coito cheio de gemidos e palavras obscenas.

Na Internet também não faltam os comerciantes da Umbanda, e de outros cultos, que não têm vergonha de se apresentarem “incorporados” pelo Pai Fulano, ou Cigana Beltrana, ou Mãe Sicrana, e apresentarem seu preço por uma “rodada” de baralho ou “lançada” de búzios. E, para confirmarem seu poder, exibem uma infinidade de penduricalhos no pescoço, rendas, lamês, turbantes, palhas e vários outros utensílios ritualísticos. É claro, não podia faltar a filmagem de uma roda de pólvora, de uma incorporação de Exu, do sacrifício de uma galinha. Tudo filmado em primeiro plano e com riqueza de detalhes em close.

Os oportunistas também não deixam de se exibir na Internet. Há hoje um grande número de candidatos a isso ou aquilo, desejosos de poder, já que o Terreiro se tornou pequeno para eles exercitarem seu poder de persuasão. Prometem ser os defensores da fé alheia, os candidatos dos humilhados e reprimidos, o salvador da religião! Consideram que a política, palco de escândalos interesseiros e mesquinhos, será a força que impulsionará a pobrezinha da religião que não consegue se unir nem dentro dos próprios centros.

Em profusão, proliferam os que necessitam de auto-afirmação. Aqueles mediuns frustrados por nao estarem à frente de um terreiro, chefiando e ditando normas que eles consideram as mais certas. Alguns babalaôs e babás que sentem uma grande inveja por não terem um belo templo. Alguns pais e mães que não conseguem chefiar nem mesmo os filhos de sangue. E também os filhos de Umbanda que ainda não aprenderam que mediunidade não é qualidade de um ser altamente iluminado ou de um “enviado” especial das Hostes Celestes. Mas, mesmo assim, querem se auto-promover e estabelecer sua condição de Mensageiros do Alto. E, baseados nessa premissa, expõem sem critério suas imagens de umbandistas ataviados de Zé Pelintra, Pomba-Gira, Exu, Marinheiro, Caboclo de pena e sem pena, desnudos, embriagados, maquiados, empunhando taças e garrafas; com capas, espadas e chapéus, lanças, bodoques, flechas; vestidos de baianas, damas da corte, marujos, índios e outros personagens saídos dos contos de terror e da Vó Benta – Não a Preta Velha – mas a do Sítio do Pica-pau..

Mesmo que a Espiritualidade não tenha aparelhos de computador em Aruanda, no Juremá ou no Humaitá, os Guias e Mentores da Religiao de Umbanda estão conectados com o que seus diletos aparelhos, cavalos e burros estão fazendo aqui embaixo, na Terra. Nada está passando desapercebido, pois não necessitam de uma tela ou da própria Internet para estarem a par do que andam fazendo em nome da Umbanda.

Como cantam os sábios Pretos Velhos, ” a Umbanda é linda, pra quem sabe ler. Quem não conhece Umbanda, diz que Umbanda é cangerê!”.

Deus Salve a Umbanda

Julio Cezar Gomes Pinto

Casa de Caridade Santo Antônio de Pádua

Projeto Umbanda Cem

A Visita


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Cassio Riberio

Lá vai o velho caminhado pela estrada. É noite quando chega à cidade. Poucos
notam sua presença. A cidade tem pressa, o trânsito está insuportável. Pessoas
preparam-se para chegar em casa, outras para ir à escola. Muitos cansados e
desiludidos enfrentam horas de fila na vã esperança de obter uma colocação no
mercado de trabalho.

Ele observa as pessoas, tem pena daquele que já não carregam a esperança
dentro de si.

Vagarosamente caminha em direção ao bairro nobre da cidade. Lá chegando aborda
um abastado senhor. Pede-lhe um prato de comida. Como resposta recebe um monte
de impropérios. É escorraçado dali, pois a segurança é acionada. Entristecido,
dirige-se à periferia. Avista uma casinha de alvenaria, é atendido por uma
senhora jovem, em cujo rosto percebe as marcas da tristeza. Pede-lhe comida.

A moça argumenta que todos ali estão passando por dificuldades. O marido está
na cama sofrendo grave enfermidade. Ela está desempregada, assim como os dois
filhos mais velhos, o pequenino já não vai à escola, pois o dinheiro para a
compra de material foi usado com remédios para o esposo.

O velho ouve o relato emocionado. Prepara-se para ir embora, mas ela o
surpreende convidando-o a entrar. Diz: “onde comem cinco, comem seis”.

Sobre a mesa arroz, feijão e ovos fritos. Tudo o que podem fazer. Todos se
sentam à mesa, menos o esposo que permanece no quarto gemendo de dor.

Antes de iniciarem o jantar, ela convida a todos para rezarem, pedindo a Oxalá
que abençoe aquele alimento e as pessoas que moram na casa, e também pede saúde
ao amado esposo. Faz mais do que isso, durante a prece, ela pede a Zambi que
guie os passos do visitante, sinceramente comovida com a sorte de um velho
solitário e errante.

O velho sorri para ela emocionado e agradecido. Ela explica que é Umbandista,
freqüenta um terreiro ali mesmo no bairro. Está na gira há pouco tempo, mas ama
profundamente os Orixás e Guias, pois foi com eles aprendeu a ter paciência e
fé, nunca se desesperar, e a estar sempre pronta para prestar à caridade. E
assim ela foi com prazer e alegria.

É verdade que a família passa por dificuldade, mas, isso não os torna
rancorosos ou revoltados. Assim que eles terminaram o jantar, o velho agradece a
hospitalidade e deseja boa sorte a todos da casa. Lá fora a noite já chegou.

Se dependesse da família, ele dormiria ali, porém a casa é tão pequena que
isso seria quase impossível. Ainda assim, ofereceram para ele o sofá da sala.

Ele agradece e acalma a todos dizendo que realmente deve partir. Antes pede para
ver o marido que está no quarto gemendo de dor.

Ato contínuo adentra no quarto. Nesse momento algo de muito estranho acontece:
uma enorme luminosidade toma conta do dormitório. O doente que até então gemia
grita emocionado. A esposa e os filhos estavam na cozinha correm assustados.

Encontram o homem sentado na cama chorando emocionado. Nem sinal do velho.
Após o choro a revelação.

Quando o velho entrou no quarto suas roupas se transformaram numa roupa de
palha e forte luz saiu dele, envolvendo o doente que imediatamente se curou.

Agora aquela família toda chorava. Lá fora na estrada, Obaluaiê sorria feliz e
seguia sua caminhada.

ATOTÔ!!!!

Diversidade Umbandista


Podemos observar em conversas de Umbandistas em fóruns ou mesmo no orkut que muitos querem impor seu culto aos outros, achando que somente a sua Umbanda está correta.

Alguns querem enfiar o africanismo goela abaixo dos demais, outros querem a todo o custo impor que o Espiritismo é a base correta, alguns querem convencer os demais que a Umbanda de Saraceni é a correta ou ainda que a Umbanda de Zélio é a única e verdadeira.

Querem transformar a religião num grande campeonato de futebol, onde um time é o melhor que o outro e a paixão elimina a razão.

Devemos tentar ver a umbanda como uma religião criada pelo mundo espiritual e que aproveita os bons exemplos de diversas religiões e que com o passar do tempo, vai aperfeiçoando e aglutinando cada vez mais adeptos justamente por seguir os ensinamentos dos grandes mestres da humanidade que pregaram o amor, a caridade, a tolerância, a humildade, o fazer o bem sem importar-se a quem.

Nossa Religião foi cuidadosamente desenvolvida pelo Mundo Espiritual para trazer evolução aos médiuns participantes e um alento aos seres encarnados que precisam de uma palavra de paz, de esperança e perseverança.

Nunca uma Entidade Espiritual nos transmitiu qual a Umbanda é a correta, qual a Umbanda mais eficiente, qual a Umbanda verdadeira.

Sempre nos dizem que devemos ser médiuns dedicados, que devemos sempre estarmos preparados para ajudar ao próximo, sempre zelando pelo bom nome de nossa Religião, sem esperarmos retribuições de quaisquer formas que não sejam o reconhecimento do mundo espiritual.

Todas as Umbandas são corretas desde que sejam praticadas com dedicação, amor e humildade por que no final ela é uma só.

Devemos lutar com todas as nossas forças justamente para respeitar todas as vertentes e considerá-las como membro de um corpo só.

Umbanda é a religião do presente e do futuro pois a medida que os não simpatizantes vão conhecendo a beleza, a simplicidade de nossa religião, seus corações são envoltos pela magia do amor, da caridade, da humildade e da fé em Deus, e todas as discriminações que hoje a Religião ainda sofre serão dissipadas pela inspiração Divina.

Umbanda é uma só, emanada por Deus.

RENATO DE OXÓSSI

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Responsabilidade irresponsável


A Religião Umbanda não tem um órgão regulador de como os Terreiros devem funcionar pois afinal ela foi criada pelo Mundo Espiritual e sendo assim, é comandada pelos Mentores de cada casa.

Para regulamentar a parte material, documentação, a parte burocrática, preservação da imagem da religião, temos as federações estaduais que deveriam fazer isso, mas não fazem.

O que fazem é quase que tão somente filiar os terreiros em troca de um pagamento mensal, bimestral ou até anual, para, teoricamente, orientar e controlar a conduta de seus filiados e defender nossa Religião perante a sociedade.

Digo teoricamente por que na prática isso também não acontece.

As federações na ânsia de conseguirem filiados, vão aceitando-os sem critério nenhum, sem informações sobre a idoneidade dos novos associados, muitas vezes colocando o bom nome da religião na lama pelas besteiras que esses falsos umbandistas cometem contra a nossa religião e fazem isso com a aquiescência das federações.

Por outro lado, esses umbandistas por estarem filiados às federações se consideram legalizados e cometem os maiores absurdos em nome de nossa Religião por possuírem um “certificado” de filiado pendurado numa parede do terreiro, pois para os leigos, esse “certificado” teoricamente os credenciam a exercer os rituais umbandistas.

Tempos atrás tivemos o ataque gratuito de um jornal que se diz umbandista contra uma amada Entidade Umbandista.

Essa atitude revoltou profundamente aos que tomaram conhecimento do fato e que zelam pelo seu bom nome da Umbanda, mas infelizmente, nenhuma federação tomou a frente e questionou o ataque e a intolerância religiosa por parte do autor da matéria.

Ficou por isso mesmo.

Ora, se as federações umbandistas existem para defender o bom nome de nossa Religião, porquê não o fazem?

Porquê ficam alheias e não tomam a iniciativa de defender-nos dos ataques dos não simpatizantes?

Em programas televisivos evangélicos, somos diariamente atacados na nossa fé, com acusações das mais variadas, com encenações irreais que dizem que praticamos os rituais mais macabros que uma pessoa possa pensar e mais uma vez nossas federações ficam omissas, não tomando a iniciativa de exigir o respeito de liberdade religiosa garantida por Lei.

Creio que esteja na hora dos donos de terreiros filiados nas federações exigirem destas, uma postura de acordo com os interesses da Comunidade Umbandista que é bem representar nossos interesses religiosos perante à sociedade de uma maneira geral.

Se assim não agirem, nas próximas eleições das diretorias dessas organizações, vamos eleger para o seu comando, pessoas que tenham comprometimento com a nossa crença e que se conduzam como verdadeiros Umbandistas

Não sou contra a existência das federações mas está na hora delas exercerem na prática, o motivo de sua criação que é no mínimo, defender nossa religião.

Renato de Oxossi

De Olhos Fechados


Marco Boeing – ASSEMA – Curitiba – PR

Sentado ali em frente de seu congá o velho pai de santo relembra com surpreendente nitidez sua infância e seu primeiro contato com espiritualidade.
Nitidamente ele se vê na tenra infância a brincar sozinho no amplo quintal da casa de seus pais.
Lembra-se que alguma coisa o fez olhar para as nuvens e diante dele uma estranha imagem se forma: um velho sentado ao redor de uma fogueira e um menino a ouvir-lhe estórias. De alguma maneira o menino ao ver aquela cena sabia que se tratava dele mesmo. O tempo passou e a cena jamais esquecida e também jamais revelada, o acompanha em sonhos e lembranças.
Cresce e acaba se tornando médium Umbandista. Aos poucos vai conhecendo seus guias, que vão tomando seu corpo nas diversas “giras de desenvolvimento”. Primeiro o Caboclo que lhe parece muito grande e forte, depois os demais… Até que, ao completar 18 anos, seu Exu também recebe permissão para incorporar.
Já não é mais médium de gira, a bem da verdade ocupa o cargo de pai pequeno do terreiro.
Percebe que não tivera uma adolescência como a da maioria dos jovens que lhe cercam na escola. Não vai a bailes, festas… Dedica-se com uma curiosidade e um amor cada vez maior à prática da caridade. Os anos passam e acaba pôr abrir seu próprio terreiro. Inúmeras pessoas procuram os seus guias e recebem um lenitivo, uma palavra de consolo e esperança.
Foram tantos os pedidos e tantos os trabalhos realizados que já perdera a conta. Viu inúmeras pessoas que declaravam amor eterno pela Umbanda e bastava que alguns pedidos não fossem alcançados na plenitude desejada que já se afastavam, criticando o que ontem lhes era sagrado…
Presenciou pessoas que, vindas de outras religiões, encontraram a paz dentro do terreiro, mantido a duras penas, uma vez que nada cobrava pelos trabalhos realizados (“Dai de graça o que de graças recebestes”).
Solteiro permanecia até hoje, pois embora tivesse tido várias mulheres que lhe foram caras, nenhuma delas agüentou ficar a seu lado, pois para ele a vida sacerdotal se impunha a qualquer outro tipo de relacionamento. Amava mesmo assim todas aquelas que lhe fizeram companhia em sua jornada terrena.
Brincava, o velho pai de santo, quando lhe perguntavam se era casado e respondia, bem humorado, que se casara muito cedo, ainda menino. A curiosidade dos interlocutores quanto ao nome da esposa era satisfeita com uma só palavra: Umbanda, este era o nome da esposa.
Com o passar do tempo, a idade foi chegando; muitos de seus filhos de fé seguiram seus destinos vindo eles também a abrirem suas casas de caridade. O peso da idade não o impede de receber suas entidades. Ainda ecoa, pelo velho e querido terreiro, o brado de seu Caboclo, o cachimbo do Preto-velho perfuma o ambiente, a gargalhada do Exu ainda impressiona, a alegria do Erê emociona a ele e a todos…
Enfim, sente-se útil ao trabalhar. Hoje não tem gira. O terreiro está limpo, as velas estão acessas e tudo parece normal. Resolve adentrar ao terreiro para passar o tempo, perdera a noção das horas. Apura os ouvidos e sente passos a seu redor, percebe que alguém puxa pontos e que o atabaque toca. Ele está de costas para todos e de frente para o congá. O cheiro da defumação invade suas narinas…
Seus olhos se enchem de lágrimas na mesma proporção que seu coração se enche de alegria. Estranhamente, não sente coragem ou vontade de olhar para trás, apenas canta junto os pontos. Fixa seus olhos nas imagens do altar, fecha os olhos e ainda assim vê nitidamente o congá, parece que percebe o movimento do terreiro aumentar.
Vira de costas para o congá e a cena o surpreende: vê Caboclos, Boiadeiros, Pretos Velhos, Marujos, Baianos, Erês e toda uma gama de Guias… Até Exus e Pomba Giras estão ali na porteira. Se dá conta que os vê como são, não estão incorporados. Todos lhes sorriem amavelmente.
Dentre tantos Guias, percebe aqueles que incorporam nele desde criança. Tenta bater cabeça em homenagem a eles, mas é impedido. O Caboclo, seu guia de frente, se adianta, lhe abraça, brada seu grito guerreiro… Os demais o aco Os demais o acompanham. O velho pai de santo não agüenta e chora emocionado… As lágrimas lhe turvam a vista. Fecha seus olhos e ao abri-los todos os guias ainda permanecem em seus lugares embora calados…
Nota uma luz brilhante em sua direção, Iansã e Omulu se aproximam, seu Caboclo os saúda e é correspondido. A luz o envolve completamente. Já não se sente mais velho. Na verdade sente-se jovem como nunca. Seu corpo está leve e ele levita em direção à luz. Todos os guias fazem reverência… O terreiro vai ficando longe envolto em luz… Ele sorri alegre… A missão estava cumprida…
No dia seguinte, encontram seu corpo aos pés do congá. Tinha nos lábios um sorriso…