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FOLIA, EXUS, POMBAGIRAS, MALANDROS E MALANDRAS – CURTA COM MODERAÇÃO E RESPEITO


No carnaval, ainda há o resquício de simpatiquíssimas práticas que ainda hoje são seguidas. Na antiga Grécia, haviam as festas pelas vitórias das guerras, e acreditavam que deviam reverenciar ao deus Dionísio (Baco, para os romanos).  Continue Lendo

SALVE A JUREMA SAGRADA!


(O culto da Jurema na Paraíba)


Marinaldo José da Silva e Maria Ignez Novais Ayala
– Universidade Federal da Paraíba


Seu Zé de Nana meu nêgo
Você não é camarada
No meio de tanta moça
Roubou minha namorada

O que é que eu faço da vida
Par Paraíba eu não vou
A namorada que eu tinha
Seu Zé de Nana roubou



“Salve a Jurema Sagrada, salve eu, salve vói, salve minha tronqueira e salve minha cachaça, salve meu cachimbo e salve minhas encruza! E quem pode mais do que Deus? Só Deus e mais ninguém, né nêgo? Agora me daí meu chapéu, meu cachimbo e minha cachaça par eu molhar a guela e dançar aquele coco com uma nêga bem boa!”


O pau pendeu não caiu
Zé de Nana chegou
E ninguém viu

É característico dos Mestres juremeiros quando chegam em terra saudarem a Jurema Sagrada, a sua tronqueria1, e tudo que a eles pertence e a Deus. E pedem para cantar o seu ponto, que pode ser um coco ou não.

No universo da literatura oral, a própria criação se nutre da imaginação que se ancora na realidade daqueles que fazem da cultura popular uma circundante poética onde transitam mitos, narrativas, religiões e vários costumes afro-brasileiros. São evidentes as marcas da diáspora negra nessas variações populares, cabendo à Jurema e ao coco, elementos de estudo deste trabalho, a contemplação do afro-brasileiro-mágico-religioso, considerados fazedores de cultura. É no sentido de “trânsito” entre as atividades diversas pertencentes ao mundo da oralidade que nos propusemos a mostrar os vários pontos em comum da Jurema Sagrada e do coco de roda.

O caráter religioso desta dança tem despertado nossa atenção, levando-nos, inicialmente, a reunir os cocos que se referem a santos católicos e às práticas do catolicismo popular. Recentemente, em meio a uma das religiões brasileiras, que tem muitos adeptos na Paraíba – a Jurema Sagrada ” encontramos vários cocos, que aparecem como pontos de gira. A Jurema Sagrada é um dos vários cultos com fortes marcas indígenas que se mesclam com traços do catolicismo popular, do espiritismo e das religiões negras do Brasil ” candomblé e Umbanda.

Difícil dizer hoje a origem ou o que predomina nesse culto afro-brasileiro, fundamentado em ervas, raízes e casacas de árvore usadas com função mágica para acura ou para afastar males e recuperar as energias dos fiéis e de todos aqueles que procuram o auxílio dos Mestres juremeiros. Muitas vezes essas ervas são utilizadas em forma de fumo, que serve para a defumação da casa, e de amaci, fusão de ervas que serve para o batismo do iniciado na Jurema, além da semente e do vinho extraído da árvore sagrada num sentido mágico-religioso.

Nos estudos que compõem a bibliografia sobre as religiões afro-brasileiras, são muitos os títulos dedicados ao candomblé, ao catimbó, ao xangô e à Umbanda; aparecem referências à Jurema como uma linha da Umbanda. O culto da Jurema era elemento principal do catimbó, conforme os estudos de Câmara Cascudo, Roger Bastide e Oneyda Alvarenga. Essa última publicou em 1949 Catimbó, a partir da bibliografia então existente e da farta documentação reunida em 1938, pela Missão de Pesquisas Folclóricas, da Discoteca Municipal de São Paulo, por meio da pesquisa de campo no Nordeste.

Na década de 30 houve grande perseguição policial aos catimbós e aos catimbozeiros, com prisões, fechamento, destruição das casas e apreensão de objetos utilizados no culto. Até hoje, os termos catimbó e catimbozeiro têm conotação pejorativa no Nordeste, comportando forte carga de preconceito.

Na Paraíba, atualmente, o culto da Jurema se encontra ajustado à Umbanda. Nas casas por nós visitadas, as cerimônias ocorrem no mesmo salão em que são desenvolvidos os cultos aos orixás da Umbanda, diferindo apenas os pejis e as camarinhas, ou em espaço contíguo, dedicado exclusivamente à Jurema.

Como linha da Umbanda ou como culto independente que se abriga no mesmo teto, mas que reconhece Alhandra como a cidade da Paraíba tida como local de onde se irradiou o ritual religioso, a Jurema tem muitos adeptos que ressaltam os poderes de cura dos Mestres juremeiros.

Além da cidade de Alhandra, existe a “cidade encantada de Tambaba”, local de muitos mistérios dos senhores Mestres encantados. Citando René Vandezande:

“A tradição diz unanimemente que no alto da praia de Tambaba houve uma Cidade da Jurema de igual nome, anos passados: porém, esta cidade foi “devorada” pelo mar, e de lá teria origem o culto que ainda hoje os juremeiros prestam ocasionalmente nesta praia. Una juremeiros que foram lá em nossa companhia demonstraram o máximo respeito para o lugar. Diversas vezes fomos a essa praia solitária, encontrando, cada vez, objetos de culto e velas. O barulho que as ondas produzem nas rochas de formas fantásticas é interpretado como a voz dos Mestres.” 2

E hoje Tambaba é uma praia de nudismo muito visitada pelos turistas.

Mestres são as entidades principais desse culto que aparecem nas sessões semanais das casas destinadas à Jurema e nas festas periódicas dedicadas a eles. São Exus, índios, caboclos, reis de iorubá, caboquinhas de pena, boiadeiros, baianas, pretos velhos, marinheiros, pescadores e também ciganas, Pomba-gira, Zé Pelintra, Maria Padilha e toda sua companhia. E como se não bastasse, a Cumade Fulozinha e a figura do cangaceiro, Também personagens das narrativas e contos populares, transitando na Jurema Sagrada. Segundo a fala de um dos depoentes umbandistas: “Cumade Fulozinha é uma identidade muito perigosa: ela tanto trabalha pro bem, como trabalha pro mal.”

Todos animadíssimos com seus pontos cantados e com o som dos elus, gaitas e maracás, a cachaça, o vinho da Jurema e a fumaça dos cachimbos de Jurema ou de angico, de um ou de sete canudos de fumaça (e em raros casos de charutos), constantemente fumados ao contrário, com o lado da brasa dentro da boca.

A Jurema tem vários tipos de ritual: Jurema de chão, Jurema traçada, Jurema de meia-noite armada.

A Jurema de chão é um ritual em que os juremeiros ficam sentados no chão em frente ao gongá (altar de Jurema) com imagens de Mestres , índios, pretos-velhos, caboclos e até mesmo Padre Cícero. A tronqueira do mestre da casa com um cachimbo de sete-fumaças, uma cumbuca com fumo de várias ervas: alecrim do campo, liamba, erva-doce, fumo-de-rolo, abre-caminho; e muitos cachimbos. Invocam as entidades para darem passes e fazerem consultas. Nessa sessão também são invocadas, sem obedecer a uma seqüência, todas as entidades ao mesmo tempo e pode Ter batuque dos elus (tambores) ou não. Há ponto cantado. A Jurema de meia-noite armada ocorre realmente à meia-noite, também no chão; é arriada no centro do terreiro a tronqueira do mestre da casa, que é responsável pela sessão; jarros com ervas da Jurema (pinhão roxo, comigo-ninguém-pode, pé da felicidade, aroeira), sete qualidades de cachaça, champanha, vinho tinto, vinho branco, cerveja, mel, uma garrafada de Jurema “preparada”, um cruzeiro de velas brancas, alguidares com frutas, três alguidares com fumos preparados (fumo de queda, fumo de descarrego e fumo de levanta), cachimbos cruzados, charutos e cigarros, palitos de fósforo cruzados, velas coloridas cruzadas e uma garrafa de plástico com Jurema para passar no corpo como descarrego.

Nessa Jurema não há elu, pois é apenas cantada para a realização de “trabalhos” em hora grande, horário especial dos Mestres fazerem as coisas funcionarem melhor, com mais força, pois só com o canto e a concentração no silêncio da madrugada fazem render resultados positivos, trabalhando com o que eles mais gostam: cachaça, cachimbo e os cocos ” daqui e de lá do outro mundo.


Mas eu pisei na rama
A rama estremeceu
Não beba dessa água, oi morena
Quem bebeu morreu

Esse coco é meu
É da Paraíba
É de Catolé
É de macaíba

Meu avião de alumínio
Que voa de norte a sul
Mulher que rapa o cangote
Do céu não vê o azul

Ô Lili, minha Lili
A mulher que eu mais amava
Nas tranças dos seus cabelos
Aonde eu me balançava

Ganham sentido de pontos cantados, louvações e orações. Cocos que remetem a vários sentidos além do “sagrado” e da “brincadeira”, que se fundem independentemente de temas específicos para prenunciar a alegria e a força do trabalho na Jurema encantada.

Nos próprios pontos cantados de Jurema, podemos perceber vários elementos informativos do culto, encontrados em uma das Juremas da Torre:


Era uma mesa branca
Toda enfeitada de flores
E hoje é uma tenda de Jurema
De paz, de luz e de amor
(…)3

Zum, zum, zum ô Jurema
Vamo trabalhar ô Jurema
Desmanchar macumba ô Jurema
Catimbó e azar ô Jurema4

Jurema minha Jurema
Meu tesouro rico
E olha o tombo da Jurema
Que ela vale ouro
(…)5

A Jurema é minha madrinha
Jesus é o meu protetor
A Jurema é pau sagrado
Deu sombra a Nosso Senhor6


NA PANCADA DOS COCOS

Os instrumentos da Jurema são basicamente os mesmos da brincadeira do coco. Os instrumentos utilizados são todos de percussão. Na brincadeira é usado um zabumba e na Jurema um elu, tocado pelo ogã. Ambos são cobertos por um couro de bode, existindo uma pequena diferença no zabumba, que é coberto por dois couros: um couro de bode e outro de “boda”.

Nos rituais de Jurema, o mestre aceita qualquer batida do elu; o mais importante é o coco cantado, que tem força para “seus trabalho”, com sua cachaça e com suas namoradas. Ainda temos o ganzá, que está presente nas duas manifestações, muitas vezes improvisado com uma lata vazia, com pedrinhas ou sementes dentro. Maracás, espécie de chocalho, com som semelhante ao do ganzá, também fazem parte. O triângulo, instrumento apenas da Jurema tem o formato correspondente ao nome, feito artesanalmente, a partir de restos de ferros utilizados na construção civil, batido com um bastão do mesmo material. Também pode aparecer gaitas feitas de bambu, semelhantes a uma pequena flauta, como asa tocadas pelos participantes das tribos indígenas do carnaval.

Os pontos são acompanhados por palmas e batidas de pés. O espaço para o ritual tanto pode ser fechado (o interior dos terreiros), quanto aberto (a rua, a encruzilhada, o mato).

Os cocos cantados como pontos de Jurema foram encontrados em espaços abertos e fechados, nos diferentes tipos de ritual. Também encontramos o que parece ser ponto de Umbanda ou Jurema, cantado como coco em festas de São João nas ruas do bairro da Torre. Os limites da cultura popular são muito tênues.

No bairro da Torre, em João Pessoa (PB), são encontradas muitas casa de Umbanda e Jurema. O bairro também se caracteriza pela riqueza de manifestações populares, dentre as quais a malhação de Judas em várias ruas, palhoças e quadrilhas, cocos e cirandas, blocos de carnaval, tribos (o nome que se dá na Paraíba à dança conhecida como caboclinhos em Pernambuco), escolas de samba.

Em 1938, integrantes da MPF (Missão de Pesquisas Folclóricas), fizeram diferentes registros da cultuar popular na então Torrelândia: narrativas populares, sessões de catimbó, tribo dos índios africanos, barca.

Em vista desses argumentos mencionados, vimos através das manifestações populares afro-brasileiras, a presença de vários cocos de roda cantados como canto religioso no sentido de trânsito entre atividades diversas pertencentes ao grande universo da literatura oral.

E salve a Jurema Sagrada!


NOTAS

1. Parte de um tronco de Jurema aonde fica “assentado” o mestre. Morada do mestre.

2. VANDEZANDE, René. Catimbó. Pesquisa exploratória sobre uma forma de religião mediúnica. Recife: PIMES do IFCH da UFPE, 1975, p.44. Apud CABRAL, Elisa Maria. A Jurema Sagrada. João Pessoa: PPGS-UFPB, 1997, p.23-24.

3. Lembranças da mesa branca do espiritismo

4. Desfeitura de trabalhos pesados

5. Mistérios e encantos da Jurema

6. Sobre a árvore sagrada

DESCONHEÇO O AUTOR E AS FONTES PESQUISADAS

(Este texto foi baixado no e-mule)

VIBRAÇÕES DE PRETO VELHO


Quando falamos em Preto Velho, nos vem à mente quatro palavras básicas: calma, sabedoria, humildade e caridade.

Voltando no tempo, durante o período colonial brasileiro, as grandes potencias européias da época subjugaram e escravizaram negros vindos de diversas nações africanas, transformando-os em mercadorias, seres sem alma, apenas objetos de venda de trabalho.

Nesse mercado, os traficantes negreiros costumavam se utilizar de maneiras diversas para conseguir arrebanhar sua “mercadoria”: chegavam surpreendendo a todos na tribo, separavam, é claro, sempre os mais jovens e fortes. Costumavam buscar os negros nas regiões Oeste, Centro-Oeste, Nordeste e Sul da África. Trocavam por outras mercadorias, como espelhos, facas e bebidas, os que eram cativos oriundos de tribos vencidas em guerra e trazendo como escravos os que eram vencidos.

No Brasil, em principio os escravos negros chegaram pelo Nordeste; mais tarde, também pelo Rio de Janeiro. Os primeiros a chegarem foram os Bantos, Cabindos, Sudaneses, Iorubas, Minas e Malés.

Para a África, o trafico negreiro custou caro: em quatro séculos foram escravizados e mortos cerca de 75 MILHÕES de pessoas, basicamente a parte mais selecionada da população.

Esses negros, que foram brutalmente arrancados de sua terra, separados de suas famílias, passando por terríveis privações, trabalharam quase que ininterruptamente nas grandes fazendas de açúcar da colônia. O trabalho era tão árduo, que um negro escravo no Brasil não chegava a durar dez anos.

Em troca de tanto esforço, nada recebiam, a não serem trapos para se vestir e pão para comer, quando não eram terrivelmente açoitados nos troncos pelas tentativas de fuga e insubordinação aos senhores. Muitas vezes, reagiam a tudo suicidando-se, evitando a reprodução, matando feitores, capitães-do-mato e senhores de engenho.

O que restava ao negro africano escravo no Brasil era sua fé, e era em seus cultos que ela resistia, como um ritual de liberdade, protesto a reação contra a opressão do branco. As danças e cânticos eram a única forma que tinham para extravasar e aliviar a dor da escravidão.

Mas, apesar de toda a revolta, havia também os que se adaptavam mais facilmente à nova situação. Esses recebiam tratamento diferenciado e exerciam tarefas como reprodutores, caldeireiros ou carpinteiros. Também trabalhavam na Casa Grande, eram os chamados “escravos domésticos”. Outros, ainda, conquistavam a alforria através de seus senhores ou das leis (Sexagenário, Ventre Livre e Lei Áurea). Com isso, foram pouco a pouco conseguindo envelhecer e constituir seu culto aos Orixás e antepassados, tornando-se referencia para mais jovens, ensinando-lhes os costumes da Mãe África. Assim, através do sincretismo, conseguiram preservar sua cultura e religião.

ATUAÇÃO DOS PRETOS VELHOS

Esses são os Pretos Velhos da Umbanda, que em suas giras nos terreiros representam a força, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referencia para aqueles que os procuram, curando, ensinando e educando, aos encarnados e desencarnados necessitados de luz e de um caminho a trilhar.

Um Preto Velho representa a humildade, jamais demonstrando qualquer tipo de sentimento de vingança contra as atrocidades e humilhações sofridas no passado. Pretos Velhos ajudam a todos, independente de cor, sexo ou religião.

Em sua totalidade, não se pode afirmar que as entidades que se apresentam nas giras são os mesmos Pretos Velhos escravos. Muitos passaram por ciclos reencarnatórios e podem ter sido em suas vidas anteriores médicos ou filósofos, ricos ou pobres, e, para cumprir sua missão espiritual e ajudar aos necessitados, escolheram incorporar a forma de Pretos Velhos. Outros, nem negros foram, mas também escolheram essa forma de apresentação.(grifo nosso)

Muitos podem estar perguntando: “Mas então os Pretos Velhos não Pretos Velhos?”. A explicação é simples: todo espírito que já alcançou determinado grau de evolução tem a capacidade de descer sob qualquer forma passada, pois é energia pura, a forma é apenas uma conseqüência da missão que vem cumprir na Terra. Podem também, em locais diferentes, se apresentarem como médicos, Caboclos ou até Exu, depende do trabalho a que vêm realizar. Em alguns casos, se tiverem autorização, eles mesmos nos dizem quem são.

MENSAGENS DE PRETO VELHO

A principal cararacterística de um Preto Velho é a de conselheiro; para alguns, são como psicólogos, amigos e confidentes, para outros, são os que lutam contra o mal com suas mirongas, banhos de ervas, pontos riscados, sempre protegidos pelos Exus de Lei.

A figura de um Preto Velho representa a paciência e a calma que todos sempre devemos ter para evoluir espiritualmente, essa é a sua principal mensagem.

Certas pessoa costumam procurar um Preto Velho apenas para resolver problemas materiais, usando os trabalhos na Umbanda para beneficio próprio, esquecendo de ajudar ao próximo. Quanto a isso, esses maravilhosos Espíritos de Luz deixam sempre uma importante lição, a de que essas pessoas, preocupadas apenas consigo próprias, são escravas do próprio egoísmo, mas sempre procuram ajudá-las brincando de “pedir obrigações”. Mas em meio a essas pessoas, sempre haverá os que podem ser aproveitados, que em pouco tempo vestirão suas roupas brancas, descalçarão seus pés e farão parte dos trabalhos de caridade do terreiro. Essa é a sabedoria do Preto Velho, saber lapidar o que há de bom em cada um de nós.

Pretos Velhos levam a força de Zambi a todos que buscam aprender a encontrar sua fé, sem julgar ou colocar pecado em ninguém, mostrando que somente o amor a Deus, ao próximo e a si mesmo, poderá mudar sua vida e seu processo de ciclos reencarnatórios, aliviando os sofrimentos cármicos e elevando o espírito. Assim fortalecem a todos espiritualmente, aliviando o peso do fardo de cada um, e cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou aumente, de acordo com a forma de encarar os acontecimentos de sua vida: “Cada um colhe o que plantou. Se plantares vento, colherás tempestade. Mas, se entender que lutando poderá transformar seu sofrimento em alegria, verá que deve tomar consciência de seu passado, aprendendo com os erros, galgando o crescimento e a felicidade futura. Nunca seja egoísta, sempre passe aos outros aquilo que aprende. Tudo que receber de graça, deverá dar também de graça. Só na fé, no amor e na caridade, poderá encontrar seu caminho interior, a luz e Deus” (Pai Cipriano)

APRESENTAÇÃO DA ENTIDADE

O termo “Velho, Vovô e Vovó, são usados para mostrar sua experiência, pois, quando pensamos em alguém mais velho, entendemos que este já viveu muito mais tempo do que nós, com coisas para nos passar e historias para nos contar através de sua longa experiência. No mundo espiritual isso é bastante parecido, e a característica da entidade Preto Velho é sempre o conselho.

Suas vestes são bem simples e não necessitam de muitos apetrechos para trabalhar, apenas da concentração e atenção de seu médium durante a consulta. Costumam usar cachimbo, lenços, toalhas e algumas vezes fumo de corda ou cigarro de palha.

Sua incorporação não necessita de dançar ou pular muito. A vibração começa com um “peso” nas costas, fazendo com que o médium incline o corpo para frente, sempre com os pés bem fixos no chão. Andam apenas para as saudações ao Atabaque, Conga e Babalorixá. Atendem sentados praticando sua caridade. Raras às vezes alguns mantêm-se em pé.

Sua simplicidade se manifesta em sua maneira de ser e de falar, sempre usando um vocabulário simples. A maneira carregada com que falam é para mostrar que são bastante antigos.

A Linha de Preto Velho possui suas características gerais, mas cada médium tem uma coroa diferente, determinando as diferenças entre os Pretos Velhos.

As diferenças ocorrem porque cada Preto Velho trabalha em nome de um Orixá, utilizando a essência de cada força da natureza em sua atividade. Essas diferenças são facilmente percebidas na forma de incorporação.

Retirado da Revista Espiritual de Umbanda (Edição Especial 1 Editora Escala)- Pesquisa e texto: Virgínia Rodrigues

Referencias Bibliográficas:

– Portal Guardiões da Luz
– Luz da Fraternidade
Revista USP nº 28 – As Religiões Negras do Brasil
– As Religiões Negras do Brasil

Grafite sobre papel de Lima Peres

CENSO 2010


Estamos próximos do Censo 2010, pesquisa de ordem nacional, de formato quantitativo. Acredito, no entanto, que o que faz um homem se sentir vivo são suas convicções. E estas estão ligadas a sua relação com o ambiente (consciência ecológica), em relação aos outros (social), em relação aos direitos, deveres e ao Estado (política), além da relação à suas crenças (religião). Não se pode mensurar quantitativamente o que forma o caráter, a consciência e as atitudes de um cidadão.

Um povo sem segurança em suas convicções (de ordem qualitativa e não quantitativa), terá também ações inconsistentes e desarticuladas. Mais cedo ou mais tarde, cada indivíduo, para se sentir integrado, útil, consciente de sua razão de ser, deve conectar-se ao lugar que vive, às pessoas que lhes são afins e aos movimentos sociais que constroem no dia a dia da cidade onde nasceu, cresceu e vive. O relacionamento entre cidadãos deve ser harmonioso e verdadeiro, independente de cor, credo, posição social, partidarismos políticos ou religião. Assim deve ser o comportamento de cada um, a partir de um embasamento desses conceitos, a partir do seio de sua própria família.

Uma cidade é o microcosmo de um país, e seus indivíduos, unidos, agregam-se uns aos outros até chegar ao macrocosmo que é o país. Partindo desse princípio, espera-se que a obtenção de dados seja fidedigna por partes de cada cidadão, ao ser argüido neste censo que se aproxima.

Por outro lado, espera-se que as questões levantadas brindem o âmbito mais extenso possível de informações, havendo entretanto uma dúvida. De modo geral, a base de amostragem de 10% em uma população costuma dar um panorama aceitável. No entanto, precisaria aqui estar um matemático ou estatístico para comprovar através de fórmulas que para determinados itens, como conjuntos pequenos, para se ter uma visibilidade real, teriam que ser obtidos através de uma margem de confiança além destes 10%.

E além disso, para que determinadas informações, para se ter as filigranas como por exemplo, o retrato das religiões de nosso pais, para ser obter uma resposta, teria que se ter a pergunta. No entanto, será que a visibilidade das religiões será fidedigna? Pois a coleta das informações a esse respeito estará no Questionário de Amostra, um em cada 10. Será que matematicamente irá compor um quadro real?

Porque não foi inserida esta pesquisa no Questionário Básico? Não seria o caso de se providenciar isso para um próximo censo? Ou melhor ainda, será que não daria tempo, de providenciar que se fosse inserida essa simples pergunta nos questionários Básicos? Para se ter mais chances da contagem se aproximar do real?

Vejamos o resultado do último censo:

Distribuição percentual da população residente, por religião – Brasil – 1991/2000
Religiões ………………………………………. 1991 (%) ……….. 2000 (%)
Católica Apostólica Romana ……………….. 83,0 ……………….. 73,6
Evangélicas ………………………………………. 9,0 ………………… 15,4
Espíritas…………………………………………… .1,1 ………………….. 1,3
Umbanda e Candomblé ……………………… 0,4 ………………….. 0,3
Outras religiosidades …………………………. 1,4 ………………….. 1,8
Sem religião ……………………………………..  4,7 ………………….. 7,4

Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991/2000.

Sendo esta uma pesquisa quantitativa, o foco na obtenção dos dados está diretamente relacionado com o objetivo do pesquisador. De acordo com a investigação dos resultados, as referencias cruzadas dos dados gerais com as religiões, obtiveram informações quanto:

a ) escolaridade ( número de anos de estudo) X religião
b) poder aquisitivo X religião

Creio que fica faltando algo para nós, que queremos mostrar que há mais umbandistas do que aparecem nas estatísticas. Nós, que amamos nossa religião, legitimamente brasileira, pensamos que o FOCO enquanto obtenção deste quesito RELIGIÂO, deveria ser mudado. A pesquisa mostra que os espíritas são os de melhor poder aquisitivo e mais alta escolaridade. Então, eu “ganho pontos” se me colocar como espírita em vez de umbandista? Será que as pessoas escolhem a religião pensando nisto? Em se tornarem potencialmente mais cultas e ricas?

Ou deveríamos adicionar alguns subitens que fizessem entender PORQUE a pessoa faz parte de uma crença religiosa? Como por exemplo:

a) A religião melhorou sua vida?

b) A crença numa Lei de Ação e Reação reforça e corrige o caráter das pessoas

c) A religião proporciona mais equilíbrio e estabilidade emocional

d) A religiosidade é inerente ao ser humano, assim como o ateísmo e agnosticismo é uma atitude do intelecto contra esta tendência inata

Poderíamos fazer uma lista extensa de itens, mas o pouco mostrado acima, muda completamente o paradigma RELIGIÂO, dentro de um Censo demográfico , onde os pesquisadores estatísticos deveriam fazer um intercâmbio transdisciplinar com as Ciências Humanas e Ciências Sociais, fornecendo magnífico material para muitas e muitas pesquisas sobre a natureza humana, suas atitudes, relações com o meio e sobre sua natureza imaterial.

É preciso que mostremos que ultrapassamos a fase do cartesianismo, e a pesquisa qualitativa é necessária e tão digna de respeito e credibilidade quanto qualquer outra. O aspecto RELIGIÂO tem de ser mais enfatizado, pois muito das atuais atitudes da sociedade podem estar veiculados à presença ou ausência de uma FÉ.

Portanto, convido, através deste modesto texto, a todos os umbandistas, já que umbandista sou e minha religião é a que devo defender, a refletirem sobre os MOTIVOS que devemos expressar nossa religiosidade num Censo de proporções continentais como este, e solicitarmos de forma enfática, para que possamos no questionário básico assinalar ao menos nossa religião, e se possível acrescentar os porquês, com a certeza que as informações enriquecerão sobremaneira os dados de um, país rico de religiosidade em sua própria natureza e cujas peculiaridades são muitas vezes relacionadas à sua Fé e Crença em algo mais que um simples cotidiano material.

Tentando explicar:

O QUE É QUESTIONÁRIO BÁSICO E QUESTIONÁRIO DE AMOSTRA (segundo o IBGE)?

QUESTIONÁRIO BÁSICO: é o questionário com MENOR numero de quesitos, onde serão registradas as características do domicilio e de seus moradores na data de referencia, e será aplicado na MAIOR parte do Território Nacional.

QUESTIONÁRIO DE AMOSTRA: é o questionário com MAIOR numero de quesitos, onde serão registradas as características do domicilio e de seus moradores na data de referencia, e será aplicado APENAS nos domicílios selecionados para amostra.

PODEREI ESCOLHER O QUESTIONÁRIO A RESPONDER?

Não

O RECENSEADOR É QUE ESCOLHE O QUESTIONÁRIO QUE IREMOS RESPONDER?

Não

O IBGE É QUE ESCOLHE O QUESTIONÁRIO QUE IREMOS RESPONDER?

Não, é o programa do IBGE é que escolhe.

EM SUA RUA…

Caso em sua rua tenha 90 domicílios, apenas 9 irão responder a pergunta “QUAL É A SUA RELIGIÃO?”

COMO FIQUEI SABENDO DESTA INFORMAÇÃO?

Sou um dos possíveis Recenseadores do IBGE e digo possível, pois mesmo tendo passado no concurso ainda irei ter que passar em uma avaliação que irá acontecer nesta segunda-feira (26/07/2010).

Deixe aqui sua pergunta ou seu comentário…

Copa: Veto a manifestações religiosas pela Fifa cria polêmica


por Eliane Maria

Kaká, um dos jogadores evangélicos da seleção, comemora gol pelo  Brasil. Foto: Reuters /12.09.2007  A cinco dias de a seleção fazer sua primeira partida pela Copa nos gramados da África do Sul, aqui no Brasil a polêmica já entrou no campo… da fé. A proibição da Fifa de que mensagens religiosas sejam exibidas pelos jogadores durante as partidas virou tema de debates sobretudo em sites evangélicos. Muitos internautas veem na regra uma forma de intolerância à diversidade de credos.

Por trás da proibição, estaria a preocupação de que jogadores muçulmanos também repitam os gestos dos evangélicos na Europa, criando uma disputa religiosa no esporte.

— Na minha opinião, essa decisão fere um princípio de liberdade, garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. O atleta que mostra a origem de sua fé, agrega valor ao esporte. Aquela ajoelhada dos jogadores muçulmanos após o gol, por exemplo, é uma ajoelhada para Alá — afirma o ex-piloto Alex Dias Ribeiro, diretor-executivo do ministério Atletas de Cristo de 1985 a 2007.

A restrição atinge em cheio o grupo de Dunga, de maioria evangélica, acostumado a expressar fé em campo, sobretudo nas figuras do meia Kaká e do capitão Lúcio.

Advertência em 2009

Uma dessas manifestações, na final da Copa das Confederações, no ano passado, resultou numa advertência à CBF. Na época, a federação pediu moderação na atitude dos atletas, que fizeram um espécie de culto no gramado. O Brasil só não foi punido porque a oração foi feita após a partida. Sete anos antes, na conquista do pentacampeonato, o comportamento dos jogadores já era alvo da observação da Fifa, que mostrou descontentamento com o que teria considerado excesso de referências religiosas.

O ex-jogador Paulo Sérgio, que participou da conquista do tetra, não concorda com a decisão. Mas acha que o gramado não é o único palco para manifestar a fé:

— Em 1994, tínhamos liberdade. Mas você pode mostrar que é atleta de Cristo de outras formas, com suas ações no dia a dia.

‘Jesus’ na chuteira de Kaká

A restrição ao uso de mensagens religiosas, políticas e declarações pessoais está relacionada no item 4 da Regra dos Jogos da Fifa. Ele trata do equipamento básico de uso obrigatório pelos jogadores, como a chuteira, peça na qual Kaká pode exibir a frase “Jesus in first place” (Jesus em primeiro lugar, em inglês), durante as partidas em solo africano.

O calçado foi personalizado por uma das patrocinadoras do jogador e mostrado dias antes do embarque dos jogadores para a África do Sul. O jogador Grafite também ganhou um modelo exclusivo, mas com os dizeres Graffa 23 (número da camisa que usa na seleção).

Consultada sobre qual seria a punição ou sanção aplicada ao jogador ou à CBF pelo uso da chuteira com conotação religiosa — o que seria uma violação à regra — a Fifa respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que não poderia especular sobre algo que ainda não aconteceu.

O diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, afirmou que os dizeres impressos nos calçados dos jogadores não são de responsabilidade da entidade. Segundo ele, não houve nenhum tipo de censura da Fifa no episódio da Copa das Confederações:

— A advertência foi só com relação àquele episódio. Não houve recomendação sobre chuteira. O que está escrito nela é de responsabilidade de cada jogador.

Fonte: Jornal Extra

Leia nossos Comentários a Respeito (clique)

Diversidade Umbandista


Podemos observar em conversas de Umbandistas em fóruns ou mesmo no orkut que muitos querem impor seu culto aos outros, achando que somente a sua Umbanda está correta.

Alguns querem enfiar o africanismo goela abaixo dos demais, outros querem a todo o custo impor que o Espiritismo é a base correta, alguns querem convencer os demais que a Umbanda de Saraceni é a correta ou ainda que a Umbanda de Zélio é a única e verdadeira.

Querem transformar a religião num grande campeonato de futebol, onde um time é o melhor que o outro e a paixão elimina a razão.

Devemos tentar ver a umbanda como uma religião criada pelo mundo espiritual e que aproveita os bons exemplos de diversas religiões e que com o passar do tempo, vai aperfeiçoando e aglutinando cada vez mais adeptos justamente por seguir os ensinamentos dos grandes mestres da humanidade que pregaram o amor, a caridade, a tolerância, a humildade, o fazer o bem sem importar-se a quem.

Nossa Religião foi cuidadosamente desenvolvida pelo Mundo Espiritual para trazer evolução aos médiuns participantes e um alento aos seres encarnados que precisam de uma palavra de paz, de esperança e perseverança.

Nunca uma Entidade Espiritual nos transmitiu qual a Umbanda é a correta, qual a Umbanda mais eficiente, qual a Umbanda verdadeira.

Sempre nos dizem que devemos ser médiuns dedicados, que devemos sempre estarmos preparados para ajudar ao próximo, sempre zelando pelo bom nome de nossa Religião, sem esperarmos retribuições de quaisquer formas que não sejam o reconhecimento do mundo espiritual.

Todas as Umbandas são corretas desde que sejam praticadas com dedicação, amor e humildade por que no final ela é uma só.

Devemos lutar com todas as nossas forças justamente para respeitar todas as vertentes e considerá-las como membro de um corpo só.

Umbanda é a religião do presente e do futuro pois a medida que os não simpatizantes vão conhecendo a beleza, a simplicidade de nossa religião, seus corações são envoltos pela magia do amor, da caridade, da humildade e da fé em Deus, e todas as discriminações que hoje a Religião ainda sofre serão dissipadas pela inspiração Divina.

Umbanda é uma só, emanada por Deus.

RENATO DE OXÓSSI

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